O SR. CESAR MAIA – Senhor Presidente, senhoras e senhores vereadores, hoje, pela manhã, no café da manhã que tomo rotineiramente com minha esposa, ela estava me pressionando para que eu a acompanhasse na caminhada aeróbica que faz todos os dias. Eu, todos os dias, faço uma caminhada, mas não é aeróbica. Eu vou andando tranquilamente, devagar. E explicava a ela que a caminhada não aeróbica é importante para os nossos músculos. Por exemplo, quando eu subo aqui à Tribuna, estou fazendo um exercício não aeróbico. Estou em pé. Ando para cá e para lá, gesticulo, movimento braços e pernas, volto para o meu lugar. Portanto, quando sobra um lugarzinho e eu não estou muito cansado – é natural que eu esteja – venho aqui fazer comentários. Mas, ontem, assistindo ao debate com toda atenção, aquele nível de “tiroteios”, eu me lembrei de um debate de que participei na campanha eleitoral e o contraponto era com o Prefeito Conde. Lembrei-me de que talvez tenha sido o debate mais interessante de que participei, em matéria desses de “tiroteios”. O que fiz junto com o pessoal que trabalhava comigo? Aquelas denúncias que já acontecem através de rede social, de e-mail, disso e daquilo, “que o cara fez isso e aquilo”; para mim só vale a denúncia se eu puder dar sustentação à denúncia. Mas eu listei aquelas denúncias todas e o nosso pessoal enviou cartas, e-mails, para 25 pessoas próximas ao Prefeito Conde. Então, assinava da seguinte maneira: “Meu caro Prefeito, eu trabalho na comunicação do Cesar Maia e ele, no debate, vai fazer as seguintes acusações”. E, aí, mandava para ele e-mail, cartas sobre seu entorno, família, aquela coisa toda. E fomos para o debate. E ele vai estar com uma pasta, com todas as denúncias. “Prepare-se, Prefeito”. Aí, eu fui. Começou a discussão, o debate. E eu, finalmente, botei a mão na minha pasta, aqui. Muito bem. Eu tenho coisas muito importantes para declarar nesse momento. O Conde ficou louco, desesperado: “Eu não aceito!”, e começou a gritar. E a coordenadora do debate na Globo: “Não pode falar enquanto o outro fala”. Bom, eu não falei nada. Eu só disse: “Atenção, tenho coisas muitos graves, muito importantes”. Ele se descompensou e ofendeu o Ronaldo Cezar Coelho. E eu estou, aqui, na minha. Não falei rigorosamente nada. Foi apenas um instrumento de contrainformação, para desestruturá-lo no debate. Mas não houve a baixaria. Houve uma estratégia de debate; nada mais do que isso. Acho que quando se chega a esse ponto de agressividade... Amanhã tratarei disso no meu Ex-Blog. Concluo com matéria do Globo, falando de votos brancos, nulos e de pessoas que dizem que não sabem em quem vão votar. A tendência é a de que essa soma que, hoje, alcança 27% no Datafolha e 24% no IBOPE cresça. O Paraná Pesquisas apresenta uma soma um pouco menor, de 21% ou 22%, e também vai crescer. O Paraná Pesquisas, que, até agora, não apresenta nada que me leve a qualquer tipo de questionamento quanto a ele, está com uma pesquisa programada para publicar no dia 24. O IBOPE amanhã, dia 20; e eu estou muito curioso em relação ao IBOPE, pois quero ver, não apenas os números gerais, mas por dentro, se há alguma sinalização. Por exemplo, no último resultado da Datafolha, na segunda-feira, eu fiz, no meu Ex-Blog, uma postagem nesse sentido. Verifiquei que a relação entre Crivella e Freixo, entre pessoas mais velhas, abriu a favor do Crivella. A relação entre Crivella e Freixo, entre as mulheres, abriu a favor do Crivella. Não quer dizer que, daqui a uma semana, fique dessa maneira. Ali, abriu. E eu me perguntei: seria um excesso eu imaginar que a agressividade possa ter chegado mais forte nas pessoas de mais de 60 anos ou nas mulheres? E que isso poderia prejudicar a candidatura do Deputado Marcelo Freixo? Afinal de contas, o Senador Crivella é um pastor. Ele fala com a pausa que se exige nesse tipo de comunicação. Então, vamos acompanhar e prestar muita atenção. O que acontece em eleições desse tipo é que um escorregão forte pode mudar todo o quadro. Eu estava em um debate com o Prefeito Conde, na Rádio CBN, em que ele fez uma análise técnica; competente como era, sem dúvida nenhuma. Foi um grande secretário que tive. Ele vai e diz que o investimento no metrô para a Pavuna foi uma burrice. Foi uma burrice, porque corre paralelo à linha auxiliar da Central do Brasil. O que devia ter sido feito, segundo ele, era transformar em metrô a linha auxiliar. Perfeito. Intervalo do debate. Mandei chamar o Cerruti. E disse: “Pega essa gravação, mete em um carro de som e corre para a Pavuna”. Não deu outra. Cerruti com microfone, dizendo: “Atenção, querem acabar com o metrô na Pavuna”. Isso é um jogo político. A afirmação foi feita. A gravação estava ali. Foi colocada no som do carro do som. Naquela eleição, naquele momento, o Conde tinha uns 12% de vantagem em relação a mim. E essa diferença foi diminuindo. Na primeira pesquisa depois do primeiro turno, ele tinha 17 pontos de vantagem. É claro que naquele meu programa do 2º turno – de todas as experiências minhas e de acompanhamento que fiz de tantas campanhas eleitorais – a equipe da tática, composta por duas publicitárias da maior importância, foi o que houve de melhor qualidade. Esses 10 minutos melhores do que qualquer outro programa que eu já vi. Eu que fiz? Não! Eu podia falar. Por exemplo: tinha um quadro, Senhor Presidente, que se chamava “Programa se faz na rua”. Então, eu saía na rua com duas câmeras de televisão e provocava o tema. Eu queria que alguém me perguntasse: “O que você vai fazer pela Educação?”, pois eu já tinha memorizado uma resposta de dois minutos. Se ninguém perguntasse, alguém nosso que estava, ali, no meio, perguntava: “E, afinal de contas, o que é que você vai fazer na Educação?”. Eu estava com aquela resposta memorizada, com o grupo grande ali no entorno e respondia: “Na Educação? E ‘pá-pá-pá’!” Dois minutos! Ou na Saúde ou no que fosse! “Agora, ‘Programa se faz na rua!’” E, assim, eu entrava na televisão e se fazia a sinergia do que foi dito na rua com o que a gente diz e apresenta na televisão. Outro quadro que as publicitárias da tática desenvolveram, que teve uma repercussão espetacular, foi o primeiro “De olho na notícia”. Eu acordava às cinco horas da manhã, às seis já tinha os jornais no meu café da manhã. Eu marcava as notícias que, para mim, eram fáceis de comentar – três minutos de comentário – e saía para a produtora, que ficava ali no Jardim Botânico. Sentava em uma mesa no pátio de fora do estúdio e abria os jornais: “O que O Globo diz hoje? O Jornal O Dia ou a Folha de S. Paulo”, qualquer jornal. E aquele quadro me permitia a audiência do programa de televisão, que é muito maior do que a leitura de jornal nas páginas internas – não na capa. Então, eu pegava na página interna uma nota forte contra uma medida qualquer da Prefeitura, um quadrinho, e, na hora em que se puxa na televisão, se abre aquele quadrinho. E você comenta, parecendo uma notícia de página inteira. Eu me lembro que a excelente jornalista Kátia Seabra estava em O Globo ainda. Ela tinha entrevistado, como me disse depois, de forma um tanto reservada, os deputados Medina e Arolde. E eles disseram a ela que, nas pesquisas da campanha do Conde, já estava havendo uma inversão e que a tendência já não era mais de vitória necessariamente. E ela vai e escreve isso. É claro que eu peguei aquele trecho da matéria – a matéria era de tamanho bem maior – mas peguei aquele trecho da matéria, coloquei e a televisão abriu: “Olhem aí, eles já estão reconhecendo! Palavras de uma jornalista dessa credibilidade”. Eu sei que, de repente, segundo a produtora, à tarde, aparece a Kátia Seabra na produtora desesperada porque aquela conversa teria sido, segundo eles, em off e que ela queria ver o que poderia fazer, se eu iria usar ou não. Eu disse: “Olhe, já foi usado, já vai usar. Abra porque não tem jeito de mudarmos. O candidato não está nem mais aí, o Ex-Prefeito”. Mas havia ali uma qualidade técnica, uma comunicação daquilo que iria se fazer. E, do outro lado, havia um carro – não sei como se chama – com pessoas que eram o Conde, o Romário, o Bebeto. E no programa entrava o Oscar Niemeyer. Do lado de cá, este humilde servidor do povo e as duas publicitárias, com o talento e a capacidade delas para transformar ideias em comunicação. Esse é o papel delas. Nem a publicitária nem o publicitário estão aí, como foi o caso desta eleição do PMDB, para criar comunicação. Eles estão aí para transformar as ideias do político em comunicação de qualidade.