A SRA. SONIA RABELLO – Exmo. Sr. Presidente, Vereador Ivanir de Mello, nobres colegas Vereadores presentes em seus gabinetes, assessores, senhoras e senhores, estou aqui na Tribuna para reforçar, agradecendo ao meu colega, Ver. Dr. Edison da Creatinina, pela menção que fez à necessidade de proteção do Patrimônio Cultural da Cidade. Efetivamente, nós estamos quase numa cruzada, Vereador Dr. Edison, não só em função do patrimônio, porque o patrimônio cultural, já vimos, por exemplo, a questão do Hospital São Francisco de Assis, que está começando uma reforma, mas com dificuldades de ter um lugar para colocar os “containners” . É um hospital ao lado da prefeitura. E inúmeros outros bens: Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, até mesmo esta Câmara Municipal, que é tombada pelo Estado. Espero que o Presidente da Casa e que o futuro presidente também dê um jeito na sua recuperação, porque existem inúmeras formas de se recuperar o patrimônio. Se olharmos os fios passando aqui neste nosso Plenário, vemos que talvez uma outra solução, mais adequada, possa ser dada nessa belíssima Casa Parlamentar, que foi criada para ser o Parlamento na Cidade do Rio de Janeiro e que merece todo o nosso cuidado. Então, temos aí na Câmara um fundo orçamentário e temos que começar a fazer a preservação a partir de dentro de Casa.
Essa semana mesmo, ontem, estive, a convite dos moradores, na área de Copacabana, no prédio da Rua Santa Leocádia, no finalzinho de Copacabana, objeto de um artigo de jornal a respeito de um eventual novo projeto para área. O prédio, assim como inúmeros prédios da cidade, como foi também o ex-Hotel Glória, ele é anterior a 1938 e existe na Cidade do Rio de Janeiro hoje uma fortíssima pressão imobiliária que faz com que as pessoas tenham muita gana de ocupar os prédios, reformar e fazer o que eles chamam de “retrofit”, mas é um retrofit que descaracteriza o imóvel. No caso desse prédio, em Copacabana, é um prédio anterior a 1958 e dentro da APA, Área de Preservação Ambiental do Morro dos Cabritos. Então, é uma área verde em Copacabana muito preciosa. Sabemos que Copacabana é um bairro que tem pouquíssimas áreas verdes, e aí Dr. Edison, eu gostaria de fazer aqui uma menção de que não só o nosso patrimônio cultural pode estar sendo gravemente ameaçado, como também eu receio que diuturnamente o nosso patrimônio ambiental arbóreo da cidade esteja sendo muito ameaçado. Hoje mesmo no jornal havia uma carta ao leitor muito interessante, que dizia que no Jardim Oceânico na Barra da Tijuca, um prédio que havia sido autorizado a tirar duas árvores da calçada para dar entrada às garagens. E aí, o leitor que escreve a carta disse que era melhor não chamar mais de Jardim Oceânico, mas de deserto oceânico, porque de jardim já tinha perdido a sua caracterização. Nós vemos hoje na Cidade um contínuo desmatamento das árvores. Eu estive no começo dessa semana na segunda-feira em São Cristóvão e o grupo com quem eu me reuni se queixou profundamente, e esse assunto já é reiterado aqui, da forma que está sendo feita a poda das árvores na Cidade. Especificamente ali, em São Cristóvão, eles estão decepando as árvores. Eles vão cortando as árvores por cima e depois cortam a árvore no meio e fica aquele tronco de dois metros de altura. E assim vai. E tudo é assim, nós autorizamos a poda da árvore ou autorizamos a retirada da árvore com a compensação de plantar mais 15 árvores não sei onde, se a gente somar as compensações que têm que ser pagas para o replantio, eu acho que não vai ser no território do município do Rio de Janeiro não, deve ser em outro território municipal, porque não vai caber tantas compensações, porque eu receio profundamente que essas compensações são para inglês ver, ou como diria o poeta para ser plantado no dia da chegada de Dom Sebastião, quer venha ou não. Como diz a lenda que o povo português ficava esperando pela volta de D. Sebastião com a esperança que ele chegasse, e aí o poeta disse esperar por D. Sebastião quer venha ou não. Nós estamos na mesma situação com as nossas árvores, autoriza-se a dizimação das árvores e repito o que disse aqui na semana passada. Só na Ilha de Bom Jesus, em função do famigerado projeto da GE, porque a Prefeitura, repito, doou por cem anos a essa multinacional cinco hectares de terra urbana, dentro da Ilha do Fundão por conta desse projeto. Na semana retrasada, foi autorizado o corte de 565 árvores só no pedaço da GE, inclusive, um Pau Brasil nativo, árvore em extinção.
Infelizmente, Sr. Presidente, isso está na conta desta Casa parlamentar. Então, gostaria de acrescer à sua fala, Dr. Edison da Creatinina, não só os cuidados com o patrimônio cultural, que está caindo aos pedaços, conforme mostra o relatório ainda preliminar que fizemos no ano passado na Comissão Especial do Patrimônio Cultural, como também o nosso profundo sentimento em relação à perda constante da cobertura arbórea da nossa Cidade do Rio de Janeiro, onde está sendo autorizado o corte de árvores dentro de áreas de preservação permanente.
Poderia listar a Área de Preservação Permanente – APP de São José, a Aparu de Jequié, na Ilha do Governador, Cabritos e milhares de outras, inclusive no Recreio e em Jacarepaguá, cujas licenças imobiliárias estão dizimando o bairro e sua cobertura arbórea.
Fica aqui essa nossa fala. Estamos atentos, junto à Secretaria de Meio Ambiente, para fazer o levantamento de quantas autorizações de corte de árvores foram dadas no último ano.
Muito obrigada, Sr. Presidente.