O SR. PAULO PINHEIRO – Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. funcionários presentes aqui neste momento.
Apesar de o clima ser de Copa do Mundo, todos aqui preocupados com o final da Copa com a semana. Vamos ter aí, mais uma vez, uma semana cortada, na sexta-feira, dia de jogo, onde, provavelmente não, claramente nada funciona. E depois, se o Brasil passar a diante, terça-feira, novamente outro feriado. Mas como o nosso período legislativo acaba no dia 30, nós não vamos nem ver o feriado. O feriado será para outra parte da população.
Quero usar com essa preocupação de copa do mundo, passamos muitas vezes a esquecer nosso dia-a-dia. Muitas vezes não utilizamos nossos horários aqui na Casa para poder continuar o debate político, mesmo em copa do mundo continua a cidade. Quero fazer uma rápida e ligeira intervenção a respeito de dois fatos que estão acontecendo na cidade, no momento, na cidade e no estado, que são importantes.
Temos visto na televisão, e não é em horário eleitoral, estamos vendo no horário normal, uma extensa, cara e continua propaganda do Governo do Estado. Hoje, por exemplo, uma página inteira de O Globo de propaganda do Governo do Estado. Na semana passada, meia página de propaganda sobre as UPAs e sobre as UPPs. O que quero lembrar é que quando vemos um anuncio na televisão, vemos o Governo do Estado falando sobre a sensacional solução que o Governo Estadual encontrou para área da saúde, que eles chamam de implantação das Unidades de Pronto Atendimento, as UPA, que são um tipo de atendimento oferecido à população e que foram criadas no atual Governo do Estado do Rio de Janeiro. Elas são vendidas como solução para situação e a população, que lamentavelmente não tem nada em relação à saúde. Eu só vejo um grupo de pessoas, Presidente Stepan, vejo um grupo de pessoas tão interessadas quanto a população em ter uma UPA perto de casa: são os deputados estaduais e alguns vereadores. Só eles e a população ficam em desespero. A população achando que terá seus problemas resolvidos e os parlamentares para uso claramente político, demarcando o seu território.
A despeito da situação da UPA, que é uma discussão à parte, que é uma ferramenta que é uma maneira de se organizar uma parte do serviço de saúde, oferecendo atendimento imediato gosto sempre de exemplificar a questão da UPA com o cidadão que chegou a noite em casa e encontrou o seu pai com a boca torta, passando mal, sabendo que seu pai é hipertenso. Qual é o desespero da família? Do cidadão que chegou do trabalho, da mulher dele que chegou do trabalho, qual é o desespero? Tem que providenciar atendimento ao familiar porque senão ele vai morrer. Ele está tendo um derrame. Nada melhor do que uma UPA dentro da comunidade para fazer o atendimento. Realmente é verdade. Ele vai chegar à UPA, vai ser medicado, vai receber a medicação para pressão diminuir e a pressão vai diminuir. E a partir daí? Quem vai tratar? Porque o trabalho da UPA acabou ali. É um trabalho importante, claro, mas acabou ali. O anúncio no jornal do Governo do Estado não diz uma palavra a respeito da vergonhosa e da criminosa situação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro hoje em dia.
Hoje, o jornal O Globo apresenta uma matéria, abaixo da coluna do Anselmo Góes, uma matéria grande dissecando a atual situação do Hospital Azevedo Lima, em Niterói. Uma situação catastrófica, de péssima qualidade do atendimento, que chegou ao máximo com a denúncia de uma família, que fez hoje no jornal, de que a paciente não foi operada porque era dia de jogo da Copa do Mundo. Em jogo do Brasil ninguém é operado, segundo a denúncia da família. Esse é um dos problemas, porque os problemas são muito maiores do que esse. Niterói hoje não tem uma emergência. A do Hospital Antonio Pedro, hospital universitário, está fechada a emergência, só tem atendimento referenciado. O outro hospital de emergência, que é estadual, o Hospital Azevedo Lima, é uma unidade de saúde que está superlotada, sobrecarregada e não tem condições de resolver.
No Globo, na parte de Bairros da sexta-feira passada, mostra o mesmo problema no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, em péssimas condições, degradado, destruído, com falta de equipamentos, com falta de médicos. Situação que se andarmos um pouco mais pra cima, veremos em Santa Cruz, no Hospital Pedro II. Situação não diferente se descermos um pouco para o Centro da Cidade, onde encontraremos em Realengo o Hospital Albert Shweitzer. Situação igual ou pior se descermos um pouco mais chegando em Marechal Hermes, onde encontraremos o Hospital Carlos Chagas. Ou seja, nenhuma boa notícia, nenhuma posição o Governo do Estado a respeito da péssima situação dos hospitais que fazem parte da área da saúde do governo do estado.
Então, quero lembrar esse fato para que a população não seja enganada, para que o cidadão comum não seja enganado. Ótimo ter feito a UPA. Não temos absolutamente nada em relação a UPA. Nossa crítica é fazer da UPA uma política exclusiva de saúde. A UPA é um pedaço. É mentira que ela resolve todos os problemas, pois não resolve. Ela resolve alguns problemas. Ela diminui o afluxo de pacientes aos hospitais de emergência. Ela dá um primeiro atendimento parcial porque hoje também as UPA estão com falta de médicos. Então, é muito importante isso, que apesar de estarmos com a cabeça na Copa do Mundo, de estarmos preocupados com o departamento médico da Seleção Brasileiras e preocupados com o colete que está sendo usado pelo goleiro da seleção brasileira de futebol, Julio César, saibam que provavelmente outras pessoas não terão um colete daqueles. E não é apenas o colete que não terão, não terão material mínimo para a imobilização mínima de uma perna ou de um braço de um paciente desses hospitais.
Então, com todo respeito, não vamos dar atenção, vamos torcer, nós estamos torcendo pelo Brasil e vamos torcer hoje por Portugal. Eu estou aqui com cachecol coma as cores da bandeira portuguesa para torcer, tenho dupla nacionalidade, sou português também. Estarei torcendo para o jogador Cristiano Ronaldo dar certo, mas não podemos fazer com que essa loucura, que é a Copa do Mundo, nos tire do dia a dia, porque se alguém passar mal nas comemorações de uma vitória do Brasil, não terá o atendimento naquela área da cidade, não terá o neurocirurgião na Zona Oeste. Isso é batido todos os anos, ouvimos todas as semanas, ouvimos diariamente isso, mas chega na eleição os espertos aparecem para oferecer isso. Não é verdade que a Secretaria Estadual de Saúde, que o atual Governo do Estado, dirigido pelo Governador Sergio Cabral, esteja fazendo um bom trabalho na saúde, não é verdade. O sistema de saúde do Rio de Janeiro está em péssimas condições e cada um tem uma parte de culpa nisto. Tem o governo municipal que não consegue resolver o problema de recursos humanos, e lembro aqui mais uma vez nossa CPI dos recursos humanos que não sai, nossa CPI parece até aquela substituição que a seleção espera que o Dunga faça.
Nosso Dunga aqui não consegue botar em campo a CPI dos Recursos Humanos, que hoje trata de um gravíssimo problema da saúde no Município do Rio de Janeiro. É a falta de médicos, de enfermeiros, é o não pagamento, são problemas gravíssimos que ainda iremos denunciar nos próximos dias a respeito das organizações sociais. Estão acontecendo coisas muito ruins na saúde municipal, mas o Estado tem culpa também, o Estado tem responsabilidade.
Da Penha para cima toda a saúde é estadual. Do Getúlio Vargas, na Penha, até Santa Cruz todo o atendimento à saúde hospitalar é estadual, cabendo ao Município os postos de saúde. Então, quero registrar um desses últimos momentos em que estamos trabalhando aqui no primeiro semestre deste ano, já que o recesso vai ser iniciado daqui a alguns dias, lembrar estar situação para que não esqueçamos nunca: não vamos ser enrolados, não vamos deixar que a mentira em relação ao atendimento da saúde neste Estado seja divulgada pela opinião pública. É evidente que um anúncio daqueles no jornal O Globo custa muito dinheiro, estamos vendo como é caro fazer um anúncio no jornal, Vereador. E essa mentira aparece numa página inteira de jornal hoje gentilmente comprada pelo governo do Estado. Vai ver que é por isso que muitas vezes algumas notícias importantes acabam não saindo no dia a dia. E lembro aqui um fato muito interessante. Fizemos aqui uma grave denúncia a respeito da situação das ambulâncias do Município. Uma das empresas que trabalham para o Município, apontamos várias irregularidades da empresa chamada Toesa. A TV Globo fez um trabalho muito importante já no governo do Estado, mostrando um gravíssimo problema da Toesa no governo estadual e depois isso morreu, não vi mais nada. Tenho tentado passar algumas informações, mas não tenho conseguido a oportunidade de passá-las. E esta semana me surpreendi e só não caí sentado no chão porque já sentado no chão de minha casa aguardando o inicio de um desses jogos da seleção brasileira. No RJ TV há uma programação que a TV Globo fez chamada Vote no Boteco, para eleger o melhor boteco da cidade. Quando eu vejo, quem é que está patrocinando esse programa no mesmo RJ TV? A Toesa patrocinando no mesmo lugar em que ela foi criticada, só que agora ela não aparece mais criticada. Então, vejam como é difícil vencer o poder econômico; é muito complicado. Espero que estejamos atentos, mesmo que festejando a vitória do Brasil e de Portugal, às coisas do dia a dia porque a Copa do Mundo passa e nossa vida fica.
Muito obrigado.