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PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO265/2023

Autor(es): VEREADORA THAIS FERREIRA

A CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
D E C R E T A :
Art. 1º Fica concedido o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro a Manoel do Anjos Dionísio (Mestre Dionísio).

Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação.
Plenário Teotônio Villela, 31 de outubro de 2023.


JUSTIFICATIVA

Manoel do Anjos Dionísio, nasceu em Além Paraíba, Minas Gerais, em 2 de agosto de 1936 e foi trazido junto a seu irmão para o Rio de Janeiro aos 8 anos pela mãe, Angélica Maria da Conceição, talentosa cantadora de calango. Foi engraxate quando morava na Praia do Pinto, onde hoje é a Selva de Pedra, no Leblon e aos 12 anos começou a fazer aulas de teatro na comunidade. Mudou-se para a comunidade do Pavão, onde passou sua adolescência e quando se casou foi morar no Morro do Pavãozinho, no Cantagalo/ Copacabana. Casou-se em 1963 com D. Neli e lá criou sua família. Se envolveram na Associação de Moradores, participando dos projetos culturais e, com a entao esposa e outras figuras da comunidade, criou o Bloco “Império do Pavão” – a ainda existente “Alegria da Zona Sul”, onde foi também diretor. Chegou a treinar para ser goleiro do F.C São Cristóvão, mas a paixão pela dança determinou seu destino. 

Figura emblemática da dança do Samba, citado no Dossiê das Matrizes do Samba Carioca, fez parte do Balé Folclórico de Mercedes Baptista, é presidente e fundador da 1ª Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte do Rio de Janeiro e integrante e parceiro da Companhia Arquitetura do Movimento- de Andrea Jabor. 

Iniciou o caminho pela arte aos 18 anos, após cumprir serviço militar. Passando pelo Tabuleiro da Baiana, no centro do Rio de Janeiro, foi assistir um show de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, foi quando descobriu que queria seguir aquela arte. Mais tarde tornou-se amigo de sua grande mestra. Após fazer teste para ter aulas com ela na Gafieira Estudantina Musical, se tornou intérprete do grupo, o Balé Folclórico de Mercedes Baptista, fazendo turnê dentro e fora do Brasil. Dionísio também teve aulas com Edmundo Carijó e Raul Soares (1° bailarino negro do Theatro Municipal) para aperfeiçoar a técnica clássica. E na dança afro ainda fez aulas com Valter Ribeiro. Desfilou com o Balé de Mercedes Baptista, na G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro, em 1959 e participou de muitos carnavais na escola: “Fomos campeões em 1963 com o enredo sobre Chica da Silva. Dançamos o minueto em plena Av. Presidente Vargas. Foi inesquecível! Nós, discípulos de Mercedes Baptista, somos dançarinos afro-brasileiros com base clássica. E chegamos assim no Salgueiro, onde tive a felicidade de fazer alguns amigos e manter o carinho pela escola”, orgulha-se. 

Em 1965 foi premiado o melhor diretor social da Federação de Blocos Carnavalescos do Estado do Rio de Janeiro pelo "Jornal Diário de Notícias". Entre 1968 e 1982 morou na Alemanha, apresentando espetáculos com ritmos afros com o Balé Folclórico Mercedes Baptista. Lá também fez parte do grupo “Os Diabólicos do Samba”, um quarteto, formado por Dionísio e mais três mulheres, fazendo o mesmo tipo de show, em seus últimos 8 anos de moradia no país. Iniciou seu aprendizado em instrumentos de percussão em 1975, no encontro com a Cia. Brazilianas de Haroldo Costa, ainda na Alemanha. 

De volta ao Brasil, em 1982 recebeu o convite para treinar a novata Rita Therezinha, para concorrer à Porta-Bandeira do GRES Acadêmicos do Salgueiro. Com um trabalho de preparação corporal e dança intensiva, Rita e o mestre-sala Amauri, ganharam a competição. Nesse momento, Manoel Dionísio percebeu a grande dificuldade de se conseguir profissionais bem capacitados para o cargo. De 1987 a 1991 foi assistente técnico da RioTur, cuja função era supervisionar a decoração para os desfiles, dos blocos e agremiações: “Organizávamos o carnaval da Av. Rio Branco à Paquetá e mais os banhos de mar à fantasia”, lembra Dionísio. Lembra também que foi durante o seu trabalho com os blocos que ele percebeu a necessidade de formação de novos casais que defendem os pavilhões das agremiações. Em 1984 foi trabalhar como Mestre de Cerimônias na União da Ilha do Governador, conduzindo o casal Paulo Roberto e Babi. Ganhando ainda mais destaque nessa área. 

Manoel Dionísio é respeitosamente chamado de Mestre e não à toa, é citado junto com tantos outros nomes, como “Depositário reconhecido da tradição do Samba no Rio de Janeiro”, pela sua atuação singular e única no Brasil - fundador da 1ª Escola de Mestre-sala, Porta-bandeira e Porta-estandarte do Rio de janeiro, em 1990 – de onde saíram, e continuam saindo os grandes casais que hoje defendem os pavilhões (bandeiras) das escolas de samba e também dos blocos do carnaval, não só do Rio de Janeiro, mas de todo Brasil. 

Em 1994, ganhou uma medalha de ouro por mérito artístico na dança do Conselho Internacional de Dança da França. E em 1995 ganhou a alta honraria do carnaval carioca, o prêmio Estandarte de Ouro (prêmio do Jornal O Globo – dado aos melhores do carnaval), como personalidade masculina do Carnaval. Em 2002, atuou fazendo o papel principal de Paulo da Portela: O Seu Nome Não Caiu no Esquecimento, documentário de Demerval Neto. 

É citado em diversos textos e livros publicados sobre carnaval, como por exemplo, A dança nobre do carnaval, de Renata de Sá Gonçalves, de 2010 e Delegado e Dionísio: vidas em passos de arte de Sérgio Gramático Júnior, de 2011. 

Em 2010, saiu da coordenação geral da Escola de Mestre sala e Porta bandeira e aos 74 anos, em sua “melhor idade” como diz o próprio, entrou para a Companhia Arquitetura do Movimento, participando como professor e intérprete criador no espetáculo Arquitetura do Samba: A dança do Mestre-Sala e Porta-Bandeira, com direção de Andrea Jabor. Retornou à direção da Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte e de lá não saiu mais.

 

Por seu pioneirismo e tantas contribuições para a manutenção da cultura e do legado do samba na cidade do Rio de Janeiro, Mestre Dionísio merece toda honra e reconhecimento desta casa.

Texto Original:



Legislação Citada



Atalho para outros documentos

Anuência Mestre Dionísio.jpeg

Informações Básicas

Regime de Tramitação Ordinária
Projeto

Entrada 11/07/2023 Despacho 11/10/2023
Publicação 11/13/2023 Republicação

Outras Informações:
Pág. do DCM da Publicação 10 Pág. do DCM da Republicação
Tipo de Quorum MS Arquivado Sim
Motivo da Republicação Pendências? Não


Observações:




DESPACHO: A imprimir e à(s) Comissão(ões) de:
Comissão de Justiça e Redação, Comissão de Educação.
Em 10/11/2023
CARLO CAIADO - Presidente


Comissões a serem distribuidas


01.:Comissão de Justiça e Redação
02.:Comissão de Educação

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Blue right arrow Icon Envio a Consultoria de Assessoramento Legislativo. Resultado => Informação Técnico-Legislativa nº81/202311/16/2023
Blue right arrow Icon Ofício Origem: Conjunto das Comissões => Destino: Presidente da CMRJ => Convocação para emissão de parecer => 11/17/2023
Blue right arrow Icon Discussão Primeira => Proposição 265/2023 => Encerrada11/22/2023
Blue right arrow Icon Discussão Segunda => Proposição 265/2023 => Encerrada11/22/2023
Blue right arrow Icon Distribuição => Comissão de Justiça e Redação, Comissão de Educação => Relator: VEREADOR INALDO SILVA => Proposição => Parecer: Parecer Conjunto, Pela Regimentalidade e no mérito favorável11/22/2023
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Blue right arrow Icon Arquivo11/22/2023



   
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